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fevereiro 2011 ~ Paulo Augusto

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sonhar é preciso

Atividade estimula o processo criativo

A sequência de imagens e eventos com a qual a nossa imaginação é aturdida enquanto dormimos tem sido objeto de estudo em todo o mundo. Fruto da atividade cerebral durante o sono, o sonho é considerado uma atividade neural primária que nos ajuda a, por exemplo, consolidar memórias. Embora ninguém saiba ao certo como eles são compostos e o que simbolizam, os sonhos são capazes de estimular a criatividade e de auxiliar na solução de problemas.

Segundo o médico Shigueo Yonekura, especialista em distúrbios do sono pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, sonhamos de três a quatro vezes por noite. “O primeiro estágio do sono é superficial. Nos 30 ou 40 minutos seguintes ele atinge sua fase mais profunda.” Yonekura afirma que duas horas após o adormecimento, as pessoas entram na chamada fase REM (movimento rápido dos olhos), estágio do sono em que os sonhos ocorrem.

“Durante esta fase o cérebro está muito ativo, os olhos se movem debaixo das pálpebras e os grandes músculos do corpo estão relaxados. Se acordadas nesse período, mais de 90% das pessoas dirão que estavam sonhando”, afirma. Para se ter uma ideia da importância da fase REM, uma pesquisa realizada na Universidade da Califórnia, EUA, sugere que esse é o estágio do sono mais importante para o processo criativo, superando até mesmo o período em que estamos acordados.

Publicado em 2009 no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, o estudo defende que o sono REM permite que o cérebro estabeleça novas ligações entre ideias não relacionadas. Esse estímulo é chamado de ‘rede associativa’. Segundo os pesquisadores, é justamente essa associação que ajuda a promover soluções criativas para os problemas e esse processo é facilitado pela mudança nos sistemas neurotransmissores durante o sono REM.


Sonhando e aprendendo

Outra pesquisa, realizada no ano passado, revelou o papel dos sonhos na consolidação da memória e do aprendizado. De acordo com os pesquisadores, os sonhos nada mais são do que a indicação de que o cérebro adormecido está em plena atividade, ocupadíssimo com o processamento de novas informações e agrupamento de memórias antigas. Isso não significa, no entanto, que os sonhos sejam os responsáveis pelo aprendizado. Quando temos uma nova experiência, ela aciona uma série de eventos paralelos para que o cérebro consolide e processe as memórias.

Mas, você deve estar se perguntando: se os sonhos são tão importantes para o processamento de nossa memória, por que dificilmente conseguimos nos recordar deles? Isso ocorre devido ao baixo nível de serotonina (responsável pelo controle da memória) durante os sonhos. Por isso, normalmente só lembramos o conteúdo do que sonhamos ao fim do sono, quando os níveis do neuromodulador voltam ao normal.