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Luta contra os Vícios ~ Paulo Augusto

terça-feira, 6 de julho de 2010

Luta contra os Vícios

Junji Abe (DEM) é ex-prefeito de Mogi das Cruzes
Homem chega em casa bêbado, espanca a esposa e bate nos filhos. Motorista embriagado perde o controle do carro e atropela pedestres. Overdose de ecstasy mata jovem em festa rave. Criança morre em tiroteio entre polícia e traficantes. Viciado em crack, filho esfaqueia e assalta a própria mãe. Estas e outras tantas notícias ruins, muito ruins, fazem parte da rotina de quem vive em médios e grandes centros urbanos.

Tragédias do gênero têm em comum o mesmo indutor: as drogas. São elas que, depositadas no organismo humano, transformam gente em animal selvagem. Embotam o raciocínio, exterminam toda civilidade e sugam a alma humana, neutralizando qualquer resquício de compaixão, bondade e amor. Desaparecem os bons sentimentos. Em relação aos outros e a si próprio. Com saldo de estragos de maior ou menor proporção, dependendo do tipo e do nível de dependência, todas são prejudiciais à saúde física e mental, ao convívio familiar e ao bem-estar social.

Fique claro que as preocupações vão além dos entorpecentes. Falo do fumo e do abuso de outra droga lícita que facilita a dependência química e a delinqüência na idade adulta, como confirma estudo com 11 mil adolescentes, realizado na Inglaterra. Trata-se da bebida alcoólica. Os riscos aos nossos jovens não se limitam ao território das baladas e muito menos ao período de Carnaval. Estão em todo canto. Até em casa, considerando a influência exercida pelos pais sobre os filhos.
Não falo como moralista de gaveta e nem como alguém que nunca teve um vício sequer. Fui fumante décadas atrás. Eram dois maços por dia e, de tão viciado, não conseguia dormir sem um cigarro nos dedos. Cheguei até a queimar o colchão e, por pouco, isto não virou uma tragédia com incêndio de grandes proporções. Quanto ao álcool, não bebi e não bebo. Meu organismo rejeita qualquer bebida alcoólica, por menor que seja a dose. Aliás, sorte minha. Caso contrário, poderia ser um bebum.Para quem acha inofensivo deixar o filho adolescente beber uma cervejinha, vale o alerta do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Segundo o levantamento, 48,3% dos adolescentes do País, com idades entre 12 e 17 anos, já beberam alguma vez na vida. Destes, 14,8% bebem regularmente e 7 em cada 100 menores já são dependentes do álcool.

Em outra pesquisa, o fato apurado é ainda mais assombroso: jovens entre 14 e 17 anos são responsáveis por 6% de todo o consumo anual de álcool no País. Intitulado “Distribuição do consumo de álcool e problemas em subgrupos da população brasileira”, o estudo constatou ainda que jovens de 18 a 29 anos consomem 40% do total de bebedores e que os homens representam 78% dos consumidores de bebida alcoólica.

O consumo abusivo de álcool cresceu de 16,2% da população, em 2006, para 18,9%, em 2009. São dados do Ministério da Saúde que considera excessiva a ingestão de cinco ou mais doses de bebida alcoólica na mesma ocasião em um mês, no caso dos homens; ou quatro ou mais doses, no caso das mulheres.

Não por menos, a OMS – Organização Mundial de Saúde estima que, por ano, 2,5 milhões de pessoas morram no mundo por causa do abuso do álcool. No mínimo 320 mil destas vítimas são jovens de 15 a 29 anos.

As consequências funestas do consumo abusivo de bebidas alcoólicas são reconhecidas pelo governo federal que lançou campanha visando conter a ingestão excessiva do álcool para reduzir a violência. Explica-se: levantamento do Ministério da Saúde revelou que um em cada quatro homens abusa do álcool e uma em cada dez mulheres bebe demais. Neste caso, o foco são os adultos. Imagine quão danosos são os efeitos desse comportamento nos adolescentes.

Num lar de família desagregada, é muito maior a probabilidade de um adolescente cair no vício de cigarro e bebidas. Do abuso das drogas lícitas para a malfada estrada dos entorpecentes, basta um passo à frente. É rápido e, na maioria das vezes, sem volta. Daí, para a vida de crimes e de todo tipo de violência, é só uma questão de tempo. Pouquíssimo tempo.

A lei proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores. Na prática, não funciona. Primeiro, porque nem todo comerciante a obedece. Ao mesmo tempo, a fiscalização é falha. Não bastasse, o adolescente sempre tem um colega maior de idade para fazer a compra. De quebra, ainda existem as carteiras de identidade falsificadas. Portanto, a vigilância concreta cabe mesmo à família.

Claro, o Poder Público pode e deve agir para evitar que crianças e adolescentes virem presas fáceis das drogas. Um dos pontos cruciais no processo é implementação de políticas públicas para combater a ociosidade fora do período de aulas.

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