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Não, a internet não vai nos transformar em idiotas ~ Paulo Augusto

sábado, 26 de junho de 2010

Não, a internet não vai nos transformar em idiotas

NÃO.
A internet não está nos transformando em idiotas. É, pelo menos, o que nós mesmos os internautas achamos.

A pergunta era exatamente essa: a internet está nos tornando imbecis? Vou colocar o contexto. Essa é uma discussão que sacode o mundo digital. O escritor e ensaísta Nicholas Carr diz que sim, em seu novo livro, “Rasos: o que a internet está fazendo com nossos cérebros.” Rasos é um eufemismo para idiotas.

O ponto de Carr, e de muita gente. Há uma cultura enraizada no mundo digital que é marcada pela superficialidade, pela brevidade e pela fragmentação. Nada de complexo e profundo, segundo essa visão, sobrevive na internet.

Nossa mente pula de link em link como macaquinhos. E acabamos adquirindo inteligência e conhecimento não muito acima deles mesmos, os macaquinhos.

Mesmo?

Ou será que essa é uma visão turvada pela dificuldade em aceitar e entender uma coisa nova que tem as dimensões de uma revolução? Isso acontece. Na primeira cena de A Cartuxa de Parma, de Sthendal, o personagem passa por Waterloo sem saber o que estava acontecendo ali. Tudo que ele via era um conflito, nada além disso.

Carr pode estar fazendo o mesmo sem se dar conta.

A INTERNET facilita a aquisição e partilha de conhecimento numa escala revolucionária. Google, Wikipedia, YouTube, Facebook, Twitter, os grandes sites de notícias: tudo isso abre para as pessoas uma dimensão inédita de informações. Que, além do mais, têm o mérito milionário de serem gratuitas. Custam um clique.

A profundidade está na internet, à disposição das pessoas. Assim como você entra numa livraria e pode comprar uma revista de fofoca ou Guerra e Paz, você ao se conectar segue o seu caminho natural.

Os grandes sites jornalísticos do mundo, da BBC ao Huffington Post, fazem sucesso por oferecer profundidade para o leitor profundo. Na internet, como em qualquer mídia, o consumidor vai atrás do conteúdo com o qual se identifica. Pessoas intelectualmente mais sofisticadas e exigentes não se satisfazem com textos rasos, para usar uma expressão de Carr.

Os internautas não são uma única tribo. São muitas. Em comum, têm não o laptop, que se torna banal como um rádio ou uma televisão, mas o hábito ancestral de procurar sites em que se vejam espelhados.

Os sites de notícia que não perceberem isso e fizerem os ajustes necessários rapidamente em seu conteúdo virarão pó. Melhor, não deixarão de ser pó.

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